Severino Alves nasceu no Barral, Freguesia de Vila Chã S. João, Ponte da Barca a 21 de junho de 1906. Era filho de António Alves e Cecília Francisca Valente.
Quando se deu a Aparição, Severino tinha 10 anos de idade. Ia soltar “as ovelhas do monte”, cujas cortes estavam no Lugar de Santa Marinha. No caminho ia a rezar o terço como era seu costume. Logo no dia da primeira aparição falou com o Pároco. No dia seguinte, dia 11 de maio, divulgou o que a Visão lhe mandou dizer
.
Nesse mesmo ano de 1917, Severino Alves foi interrogado por vários Sacerdotes da Arquidiocese de Braga na Capela de Nossa Senhora do Amparo acerca das Aparições de Nossa Senhora da Paz. “É claro que eles teimavam uma coisa com a sua mentira e eu teimava outra com a minha verdade. Ora depois começaram então a dizer que era mentira, a ameaçar-me com a guarda, a ameaçar-me com porrada. Botaram-me as mãos aqui no casaco, em cima ao pé do pescoço; enfim fizeram o que quiseram, para eu dizer que era mentira. E eu disse: Podem estar sossegados. O que vi é o que está dito. E foi o que me mandaram dizer e foi o que eu disse. Agora os senhores façam que quiserem” (Severino Alves, 1917).
Ainda nesse ano, Severino foi aconselhado a negar tudo o que vira, sob pena de vir a ser preso. “Ah! Isso Nunca! Então Nossa Senhora disse-me para dizer a todos e eu agora vou dizer que não vi nada?! Isso nunca! Se me quiserem prender, que me prendam. Se me quiserem matar, que me matem!” (Severino Alves, 1917).
Severino Alves foi recolhido pela Arquidiocese de Braga, no Seminário Maior de Braga, não para estudar, mas simplesmente para estar lá. Regularmente era sujeito a interrogatórios acerca do que tinha visto e contado sobre as aparições de Nossa Senhora da Paz. Depois foi mandado para o colégio dos Padres Jesuítas de La Guardia, na Galiza. Fizeram isto para o resguardar. Esteve lá durante dois anos. Contra sua vontade, queriam obrigá-lo a tornar-se Irmão na Companhia de Jesus. Como não sentia vocação, Severino pede ajuda a um amigo e foge, regressando ao Barral.
Depois, tal como a maioria da mocidade do Barral, Severino vai para Lisboa à procura de emprego. Conseguiu trabalho num armazém de drogarias.
Chegou depois a altura de cumprir o Serviço Militar… Sua mãe acompanhou-o a Ponte da Barca. Ele teria tifo. O médico disse à Mãe “Eu dou a tropa por ele”, querendo dizer que o rapaz iria morrer em breve, a filha de Severino diz que “Ele rezou a Nossa Senhora e que ela lhe apareceu e lhe disse “toma um chá de urtigas e Eu farei o restante!”. Ele tomou esse chá e no dia seguinte estava bom”*.
Casou com Delfina Alves, que era natural da Freguesia de Sampriz, Ponte da Barca. Seis meses após o nascimento da primeira filha deixou a cidade de Lisboa e regressou ao Barral, e por ai se manteve durante dez anos.
Por volta dos anos 50, foi novamente questionado acerca do ocorrido a 10 e 11 de maio de 1917: “Juro pela saúde de minha filha que o que disse em 1917 tenho que o dizer agora, porque foi tudo verdade” (Severino Alves, 1954).
Regressou a Lisboa, indo trabalhar para o mesmo patrão que apesar de ter empregados suficientes, aceitou de novo Severino Alves. Severino e sua Esposa tinham uma pequena horta. Era Cultivada e administrada pelo Severino. O pouco que conseguia era para ser vendido e o lucro juntava-o para oferecer a Nossa Senhora da Paz. Era costume do Severino, antes de ir para o Trabalho participar e comungar na Igreja de S. Domingos, em Lisboa. Deixaram Lisboa aquando do tempo de Reforma.
Foi interrogado uma última vez a 3 de janeiro de 1985, estando Severino já muito debilitado e de cama.
Faleceu dez dias depois, a 13 de janeiro de 1985 com 78 anos. Os seus restos mortais encontram-se sepultados no Cemitério Paroquial no Lugar do Barral.
*Dados fornecidos pela filha Matilde. Severino Alves, porém, nunca mencionou
qualquer outra aparição além das vividas a 10 e 11 de maio de 1917.